PROJETO DE LEI ORDINÁRIA Nº 12/2024

“Dispõe sobre a denominação da estrada municipal do Bairro Gineta II (dois)”

O Povo do Município de Santa Rita de Caldas, por seus representantes legais, aprovou, e eu, Prefeito Municipal, sanciono e promulgo a seguinte lei:

Art. 1° – Fica denominada “Estrada Municipal João Evangelista de Carvalho”, a estrada principal do Bairro Gineta II (dois), no município de Santa Rita de Caldas-MG.

Art. 2º – O Poder Executivo Municipal providenciará a colocação da respectiva placa denominativa.

Art. 3° – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Plenário Joaquim Antônio da Silva, em 01 de março de 2024.

Ezequiel de Souza Moreira
Vereador

Edymilson Fernandes de Paula
Vereador

Gustavo Couto Fonseca
Vereador

João Milton dos Reis
Vereador

José Afonso Dias
Vereador

José Nilson do Couto
Vereador

Maria Inês de Lima e Silva
Vereadora

Roberto José Ferreira
Vereador

Taíse Lopes Menossi Machado
Vereadora

BIOGRAFIA JOÃO EVANGELISTA DE CARVALHO

João Evangelista de Carvalho, vulgo “Zico Dias”, nasceu no no dia 08 de março de 1915, no Bairro Estreito ou Olho D’Água, Município de Parreiras, denominação anterior do Município de Caldas, Estado de Minas Gerais.
Filho de Joaquim Dias de Carvalho e Silva e Guilhermina Maria de Carvalho, viveu com a família os seus dias de menino, na localidade onde nasceu. Tendo o seu pai feito compra de terras no Bairro Pedra Redonda, no mesmo Município, a família mudou-se para esta nova localidade.
João Evangelista de Carvalho casou-se, em julho de 1938, com a então jovem Augusta Carvalho de Melo, filha de Cassemiro Osório de Carvalho e Ana Joaquina de Carvalho. Firmaram residência no Bairro Gineta.
O casal teve oito filhos, José Evangelista de Carvalho, Maria Aparecida de Carvalho, Maria Ilda de Carvalho, Maria Zilda de Carvalho, João Evangelista de Carvalho Júnior, Marina Augusta de Carvalho, Joaquim Geraldo de Carvalho e Paulo Afonso de Carvalho.
José Evangelista de Carvalho veio a falecer em 23 de março de 2020. Paulo Afonso de Carvalho teve a morte no próprio dia de seu nascimento.
O casal deixou também cinco netos: Hamilton Guimarães de Carvalho, Alexandre Guimarães de Carvalho, Guilhermina Maria Lopes Carvalho, Rita Cristina Lopes Carvalho e João Evangelista de Carvalho Neto. Hoje, a família assim identificada soma também os bisnetos.
João Evangelista de Carvalho e Augusta Carvalho de Melo efetuaram uma liderança reconhecida perante os filhos, ensinando-lhes o caminho do trabalho para as conquistas da vida. Na máquina de costura, na cozinha, na horta e no quintal, a senhora Augusta garantiu o alcance de trabalhos com resultados que beneficiaram a família em termos de alimentação, saúde, bem-estar e aquisição de bens materiais. Neste particular, pode-se dizer que a banca de fazer queijos também teve sua vez na família. A propriedade adquirida pela família veio, através do tempo, mediante a criação de galinhas, venda de aves e ovos, manteiga e queijo, porcos e gado bovino.
João Evangelista de Carvalho foi grande comprador dos objetos de necessidade da família, reconhecido, inclusive, pelo seu bom gosto na escolha de tecidos, cujas compras, muitas vezes, se processavam nas Casas Pernambucanas de Caldas. E dona Augusta, na cozinha, nunca escondeu o bom gosto e a defesa de um frango caipira bem temperado e uma satisfatória macarronada.
João Evangelista de Carvalho, ao se deslocar da fazenda para a cidade, muitas vezes para as missas de domingo, nunca se esquecia de levar para os filhos e a esposa o saudoso pacote de balas de hortelã.
Arrojado na luta com a terra e o gado, João Evangelista de Carvalho teve a criação de porcos e gado bovino, possibilitando animais para os carros de bois. Chegou a ter uma pequena criação de carneiros, de cuja lã se aproveitava a família após o trabalho reconhecido de profissionais que atuavam, nesta localidade e vizinhança, artesanalmente nos saudosos teares, com a produção de cobertas de lã.
À produção de leite, graças ao serviço dos homens nos currais, somava-se a produção do queijo, principalmente com a mão-de-obra feminina da família. Por certo período, João Evangelista de Carvalho manteve acesso a determinados mercados do Estado de São Paulo, Descalvado e Santa Cruz das Palmeiras, para a venda de queijos mineiros.
A terra marcou o valor para a família mediante as pastagens para o gado e o solo para a soberania das plantações de café, feijão e, principalmente, o milho, com acréscimo de mandioca, abóbora e moranga.
Organizados para o trabalho e busca de realizações da família, o casal João Evangelista de Carvalho e Augusta Carvalho de Melo nunca se esqueceram de apresentar para os filhos o caminho pela busca de Deus. Sempre que possível, estiveram ligados às novenas religiosas, natal e outras, sendo, para a família, o mês de maio reconhecido pela festa da Padroeira, Santa Rita de Cássia, e também mês de Nossa Senhora Aparecida, cultuavam também a primeira sexta-feira de cada mês.
João Evangelista de Carvalho e Augusta Carvalho de Melo foram, por duas vezes, festeiros na Festa de Santa Rita de Cássia junto à Paróquia do Município, reconhecidamente, com grandes resultados, graças ao alcance da população como um todo.
Foi em uma destas festas que a exigência do tempo facilitou a iniciativa de João Evangelista de Carvalho apontar a figura do senhor Gil Moreira como pregoeiro. Isto se tornou uma verdadeira descoberta, dado o desempenho enorme de qualidade apresentado pelo senhor Gil a benefício da Paróquia, em termos de verdadeira doação.
A aquisição de propriedade rural pelo casal em apreço foi sempre marcada pelo registro de compra e venda de terras, parte de pastagens e de outras culturas agrícolas. Alguns aluguéis também se afirmaram, como no caso do aluguel de terras de propriedade de José Geraldo de Carvalho, irmão de João Evangelista de Carvalho. A negociação correspondente marcou um período de cinco anos e seis meses, de 1º de janeiro de 1939 ao final de junho de 1944, envolvendo terras no Bairro da Gineta, propriedade posteriormente comprada pelo casal João Evangelista de Carvalho e Augusta Carvalho de Melo, com registro marcado como “Vila de Caldas”, comarca de Parreiras (MG).
Posteriormente, o casal em apreço comprou terras de Joaquim Reinaldo de Carvalho e esposa, Olímpia Garcia de Carvalho. Joaquim Reinaldo era irmão de João Evangelista. A referida propriedade ocupava lugar no setor denominado Vargem Grande ou Gineta, Município de Santa Rita de Caldas.
João Evangelista de Carvalho alugou de seu pai, Joaquim Dias de Carvalho e Silva, propriedades rurais, com benfeitorias no Bairro Pedra Redonda. O contrato referente assegurava o prazo de dez anos, do dia 1º de junho de 1951 a 1º de junho de 1961. Em decorrência desta negociação, João Evangelista de Carvalho e família mudaram-se para o Bairro Pedra Redonda.
Na prática, João Evangelista de Carvalho e família viveram apenas cinco anos no Bairro Pedra Redonda. Por interferência de outras pessoas da família, João Evangelista de Carvalho e Augusta Carvalho de Melo acharam por bem romper com o contrato de aluguel por dez anos. Voltaram a residir, novamente, com a família no Bairro da Gineta.
Socialmente, João Evangelista de Carvalho foi contribuinte no Satélite Club de Santa Rita de Caldas, na especificidade de natação.
João Evangelista de Carvalho sempre cultivou amizade com pessoas de diferentes níveis sociais e econômicos. Defensor de todas as categorias sociais, por muitas vezes, levou pamonha aos prisioneiros da cadeia de Caldas. Por diferentes anos, concretizou a prática de comprar cobertores para fazer doação às pessoas mais necessitadas de Santa Rita de Caldas. Conseguiu, por algumas vezes, realizar doação ao Seminário Diocesano de Pouso Alegre.
João Evangelista de Carvalho sempre manteve animais para o transporte de pessoas e para a lida no campo. Até mesmo para o percurso para a sede do Município, especialmente quando os veículos automotores eram ainda apenas notícia. Por algumas vezes, ele participou da Romaria de Cavaleiros e de Carros de Bois.
O arado, a carretela, o carretão e o carro de bois foram parte de sua ação dinâmica na roça. Só o tempo trouxe a possibilidade de possuir um jipe e, posteriormente, uma caminhonete.
A residência da família foi sempre ladeada por uma porta e jardim. O forno para fazer quitandas preenchia desejos. Consagraram-se sempre os tachos de cobre para se fazerem os doces preferidos por dona Augusta, arroz doce, doce de cidra, doce de figo. manjar, além de outros. Havia fornos específicos para se cozinharem carne de porcos e de gado bovino.
Pessoalmente, João Evangelista de Carvalho ia ao jardim, no quintal da fazenda, apanhar flores, principalmente rosas, para oferecer, em vaso próprio, para Nossa senhora em cada mês de maio.
João Evangelista de Carvalho foi membro da irmandade do Santíssimo Sacramento da Paróquia de Santa Rita de Caldas. Este fato se confirma com um título correspondente, datado de 15 de fevereiro de 1942, assinado pelo provedor desta irmandade, João Batista Filho, por coincidência, posteriormente, Prefeito de Santa Rita de Caldas.
Foi cultivando grande amizade que se fez próximo ao então Bispo de Pouso Alegre, Dom José D’Ângelo Neto, assegurado, com o tempo, como Arcebispo da referida Arquidiocese. E, se amizade não tem preço, João Evangelista de Carvalho foi bem próximo do Vigário da Paróquia de Santa Rita de Cássia, nesta localidade, Padre Alderige Maria Torriani, que se fez cônego e, posteriormente, monsenhor.
João Evangelista de Carvalho foi parceiro deste grande sacerdote, hoje Servo de Deus Padre Alderige, cujo processo de beatificação encontra-se no Vaticano. João Evangelista de Carvalho selou esta amizade trazendo para mais próximo da família o Sacerdote em apreço, fazendo-o seu compadre, com a firmada parceria da esposa Augusta Carvalho de Melo. Padre Alderige foi padrinho do filho do casal em apreço, Joaquim Geraldo de Carvalho, no sacramento da Crisma.
Muito bem relacionado com o Padre Alderige, João Evangelista de Carvalho foi um verdadeiro parceiro do grande sacerdote nas questões da Obra Assistencial Monsenhor Alderige, especialmente na sua manutenção.
João Evangelista de Carvalho sempre defendeu o sacramento do matrimônio para selar a constituição de uma família. Ele foi grande defensor da população santa-ritense e tinha zelo especial para com os romeiros que aqui chegavam. Segundo ele, os romeiros precisavam ser ajudados na chegada e na permanência na cidade, enfrentando o frio, a fome ou a distância de seus familiares que não poderiam comparecer.
O título de eleitor foi sempre um dos maiores documentos considerados por João Evangelista de Carvalho, que nunca deixou de votar, mesmo após os setenta anos de idade. Em uma dessas eleições, João Evangelista de Carvalho foi vereador na 5ª Legislatura da Câmara Municipal de Santa Rita de Caldas, de 31 de janeiro de 1963 a 31 de janeiro de 1967.
Cumpriu seu mandato com maior empenho de contribuir com a população da Sede do Município, buscando sempre a exaltação do cidadão do meio rural, assegurando a afirmação de Santa Rita de Caldas e a política de boa-vizinhança com os municípios mais próximos.
João Evangelista de Carvalho e Augusta Carvalho de Melo, juntamente com os filhos, buscaram sempre garantir um relacionamento tranquilo e amigo com os empregados, homens ou mulheres, popularmente chamados “camaradas”.
A política de boas relações exposta historicamente garantiu a troca com os vizinhos de mudas de hortaliças e flores, a troca de saudosos pratos de pamonha e carne de porco.
Foi a produção de leite que levou João Evangelista de Carvalho a integrar a equipe que criou o primeiro laticínio neste Município, Laticínio Rex, que teve como administrador ou gerente, por anos, Joaquim Dias de Carvalho e Silva, pai de João Evangelista. Este gerente foi auxiliado pela secretária Creuza Martins Nascimento, que foi, posteriormente, para Campinas, através da Companhia Lepo.
A partir de 2002, além da presença de João Evangelista de Carvalho Júnior, Maria Ilda de Carvalho esteve junto dos pais por, aproximadamente, 2 anos, mais na fazenda do que na cidade.
A partir de 2005, intensificados os problemas de saúde do casal, eles se fixaram na cidade, Santa Rita de Caldas, contando, no cotidiano, com a presença e acompanhamento de Maria Aparecida de Carvalho e Maria Ilda de Carvalho, além da presença assídua dos outros filhos.
Apesar dos limites de saúde, o senhor João Evangelista de Carvalho foi exímio frequentador e participante das atividades da Paróquia local. A esposa, Augusta Carvalho de Melo, estava mais devagar.
João Evangelista de Carvalho veio a falecer no dia 13 de maio de 2008, no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas (MG). Ele deixou a esposa, parceira de quase 70 anos, falecendo ela em 12 de maio de 2009, no Hospital Santa Rita.
Ficam registrados lições de vida deixadas pelo casal, João Evangelista de Carvalho e Augusta Carvalho de Melo, maior herança que será perpetuada pela família.
Destacaram-se, por muitas vezes, as comemorações do aniversário do casal. Sempre a família uniu, em 25 de fevereiro, aniversário de dona Augusta, e, aos 8 de março, do senhor João Evangelista, para o encontro festivo.
Marcaram época, também, as bodas de ouro do casal, 50 anos, celebradas na Capela do Carmelo da Sagrada Família em Pouso Alegre. A solenidade teve uma missa, com presença de outros sacerdotes da família e brilhantemente presidida pelo Padre João Luiz da Silva, da Paróquia de Campos Gerais (MG), onde já residia o casal Doutor Joaquim Geraldo de Carvalho e Vera Lúcia da Silva Carvalho, filho e nora de João Evangelista de Carvalho e Augusta Carvalho de Melo. Esta data se encerrou com um jantar em restaurante amigo, nas imediações da Rodovia Fernão Dias.
As bodas de diamante do casal, 60 anos, foram celebradas no Santuário de anta Rita de Cássia, nesta localidade de Santa Rita de Caldas, em julho de 1998, com a presença de cinco sacerdotes, com a liderança do Padre Maurício W. Peixoto.
Por muitos anos, João Evangelista de Carvalho ficou mais sozinho na fazenda, enquanto a esposa, Augusta Carvalho de Melo, estava na Sede do Município, Santa Rita de Caldas, acompanhando os filhos que estavam na escola.
Com a volta do primeiro filho, José Evangelista de Carvalho, para a fazenda, a situação do cotidiano teve alteração. João Evangelista de Carvalho passou a contar com a parceria firme de José Evangelista, para efeito de colheitas, acionando carros de bois, nos períodos de safras de milho, por exemplo. Ele teve afirmado o desempenho heroico de José Evangelista no comando das boiadas ou dos cavalos, no arado, carros de bois, carretelas, carretão ou caminhonete. Foi numa dessas que ele atuou, por grande período, somando dias de trabalho, quando da construção da nova sede da fazenda na outra face do córrego que cortava este pedaço de chão, córrego da divisa.
João Evangelista de Carvalho e esposa nunca se esqueceram da gente mais próxima. Os vizinhos, os moradores do bairro e das imediações sempre se constituíram para eles como parte de um grupo coeso, numa unidade afirmada. A nobreza desta amizade tem vencido o tempo.

Hoje, está lá a sede da fazenda, na sua simplicidade e grandeza histórica deixada por João Evangelista de Carvalho e Augusta Carvalho de Melo, agora propriedade do neto deste casal, Hamilton Guimarães de Carvalho.
Bom administrador, João Evangelista de Carvalho acomodava sempre a presença dos camaradas e fazia boa divisão de trabalho entre eles até mesmo na limpa de pastos ou no plantio. Era sagrado para ele o momento de acerto de contas com os empregados, mantinha um livro de escrituração própria e um ritual correspondente.
Figura importante também era identificada em cada um dos profissionais que faziam a linha de leite. Sempre com auxiliares, passavam a fazer parte da família no dia-a-dia.
O tempo passou e a família foi se mobilizando, inclusive profissionalmente, e ficou o casal mais sozinhos na fazenda, contando asseguradamente com a assídua presença de João Evangelista de Carvalho Júnior. Com o correr dos anos, após a sequência histórica de vencer a tarefa de tirada de leite manualmente, João Evangelista de Carvalho deixou esta atribuição nas proximidades dos seus setenta e cinco anos, deixando esta atribuição mais no comando de João Evangelista de Carvalho Júnior.
A senhora Augusta Carvalho de Melo viu também os efeitos do tempo alcançarem sua saúde, teve, para tanto, a ajuda de diferentes auxiliares do meio rural.

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